
Café, bolacha e culpa: nutróloga faz alerta sobre o cardápio invisível das mães sobrecarregadas 2k364b
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Diante da rotina puxada, muitas mães acabam deixando a própria saúde em segundo plano e aderindo a alimentos rápidos, que não nutrem e entregam falsa sensação de saciedade
Na rotina puxada das mães, entre acordar os filhos, preparar o lanche, trabalhar, cuidar da casa e ainda tentar manter a sanidade, é comum que a própria alimentação fique em segundo plano. Mas toda cautela é pouco, porque trata-se de um descuido que pode cobrar um preço alto da saúde física, emocional e mental de quem mais precisa estar bem. Em alusão ao mês das Mães, a nutróloga Sandra Mara Lima, da Hapvida, faz um alerta: é justamente nesse período que o autocuidado precisa ganhar mais atenção.
"Um dos maiores erros cometidos pelas mães é não se cuidarem. Elas priorizam os filhos, claro, mas esquecem que são a peça-chave da família. Precisam de saúde, disposição e equilíbrio emocional para darem conta de tudo. E mais: elas são exemplo dentro de casa. Os filhos observam tudo", afirma a médica.
Segundo a nutróloga, o erro começa logo cedo: muitas mães pulam o café da manhã ou comem qualquer coisa no caminho – um pacote de bolacha, uma bala, um café preto puro, acreditando que é o suficiente para aguentar a maratona diária. Mas isso está longe de ser verdade.
"A alimentação é a matéria-prima do nosso corpo. É ela quem fornece energia, regula o humor, ajuda no raciocínio e na disposição. Quando a mulher não se alimenta bem, ela pode se sentir irritada, cansada e até triste, sem perceber que é o estilo de vida e a alimentação desequilibrada que estão por trás disso", diz Sandra Mara.
Fast food emocional
A médica chama atenção para as chamadas "calorias vazias", alimentos ultraprocessados ricos em açúcar e gordura, como as bolachas, que entregam uma falsa sensação de saciedade e bem-estar imediato – mas que rapidamente são seguidos por mais fome, indisposição e até culpa.
"Esses alimentos não nutrem. Eles apenas preenchem o estômago e elevam a insulina rapidamente. Depois, a queda é brusca, e a fome volta. É um ciclo vicioso que não alimenta as células nem mantém o corpo energizado", explica.
Outro erro comum é o café em excesso. Ao contrário do que muitos pensam, ele não fornece energia – apenas estimula temporariamente o sistema nervoso.
"O café dá um 'pique', mas não fornece glicose, que é o combustível real para o cérebro e os músculos. Ele usa a energia que já está no organismo e esgota rapidamente essa reserva. Meia hora depois, o cansaço volta com força total", alerta.
Como virar esse jogo?
A boa notícia é que mudar esse cenário não é tão difícil quanto parece. Com um pouco de planejamento e escolhas estratégicas, é possível comer de forma mais saudável, mesmo na correria. E sem abrir mão do sabor!
"Se a mãe conseguir se planejar aos poucos, ela vai perceber que não é difícil comer bem. No final de semana, por exemplo, pode lavar folhas, separar frutas e pensar nas refeições da semana. Isso evita recorrer a guloseimas e comidas prontas", sugere.
E mais do que cuidar da própria saúde, essa atenção com a alimentação também é uma forma poderosa de educar pelo exemplo. "Os filhos estão observando. Quando a mãe se alimenta bem, ela ensina, sem precisar falar, que cuidar de si mesma também é uma prioridade", orienta Sandra Mara.
Algumas opções rápidas e nutritivas para o dia a dia:
-Frutas frescas já lavadas e cortadas, armazenadas em potes na geladeira;
-Mix de castanhas e sementes (como nozes, amêndoas, chia ou linhaça);
-Ovos cozidos (podem ser preparados com antecedência);
-Iogurte natural com aveia ou granola sem açúcar;
-Sanduíches com pão integral, pasta de atum ou frango e vegetais;
-Smoothies de frutas com leite vegetal e aveia;
-Potes de salada já montados (com grãos como grão-de-bico ou quinoa);
-Panquecas de banana e aveia que podem ser congeladas e aquecidas rapidamente.